14 September 2007


Para lá da janela. Além do horizonte.
Entre o sal. Descoberto.
Na imensidão azul do infinito encantado.
Lá estava o mar. Ponto de reencontro.
Lugar onde o fim não esta por perto. Decerto.

O mar. Som indefinido.
Música solitária, inexcedível. O mar.
Cantando sussurros, gritos de inércia magnífica,
suspiros silenciosos de amorosas explosões.

13 August 2007

Uma menina pequenina



A menina dos pensamentos entranha-se na vida,
sorri tudo,
mesmo quando não sorri.

A menina dos pensamentos,
observa: olha, olha tudo
e vê, eu sei que vê.
E sei que ela sabe que eu sei.

A menina dos pensamentos sorri.
Depois revolta-se com o todo injusto que vê no mundo.
E depois acolhe o bom com o doce olhar que inventou.

A menina dos pensamentos tem um olhar só seu
que só ela sabe usar.
E eu sei. Porque já o vi.
E sei que ela sabe que eu sei.


(Agosto de 2006)

07 August 2007

1.
O que eles não sabem é que do outro lado há nuvens e fogo,
ribeiras de dor absorvente trazidas de outro lugar.

Ninguém especificou se era fronteira simples
ou cinquenta quilos de vida.
Mas cantavam e eu digo haver mais.

Se eu fosse muralha saltava para que os homens passassem.

Até que o sino partisse.
Até à ganância-cadáver por asfixia total.

Não quiseram que soubessem.
Grito, não os deixaram saber.


2.
Chove.
O coração continental debruça-se sobre a perversão das nuvens lacrimais.
Nada mais meu,
nada mais interior às coordenadas do vácuo.
É um funil,
cada onda que bate leva consigo um pedaço de vida,
cem anos de terra.
Mesmo que não chovesse.

(Agosto de 2004)

22 July 2007

Picada de Abelha




Na tua sombra me sento
e não sei se quero.
não é dor mas uma janela
aberta no peito com saída para o mar.

Onda vem, bate,
vem sempre,
bate sempre.

Perdida num casco de madeira, a boiar,
a sirene gane irritantemente:
«o meu amor partiu e não volta,
o meu amor partiu e não volta!».

Tenho medo, lua, tenho medo.
O teu castelo encantado cai
a meus pés
com tanto de ti.

Essa sombra onde me sento.

(Agosto de 2004)

12 March 2007

Tu és capaz

Não desistas...
Vá lá, agora não
quando pensares em desistir
lembra-te que como tu não há mais ninguém
e se não acreditares nas tuas capacidades quem acreditará?
Mesmo que não consigas, lembra-te;
Tentaste

(nota: este foi o primeiro texto que escrevi e foi escrito para o Clube de Poesia)

Secretamente poesia,

08 February 2007

Convocatória

Convoca-se o poeta inato Élio Santos, vadio no pensamento, guardião do Oceano, louco por vocação e habitante do navio Sonho, constantemente à deriva nas águas da 'tal' misteriosa viagem que é o mundo da palavra, a comparecer de corpo e alma às imediações de um computador*, a qualquer hora do dia, de qualquer dia mesmo, para concretizar a criação e constante renovação deste espaço.

Informa-se ainda que é obrigatório trazer no corpo a sensibilidade que nunca consegue despir do corpo e o fato de mergulho para que se possa viajar nos textos que vão ser apresentados. Aconselha-se, sobretudo, que não se esqueça de trazer a magia dos textos "nossos, de outros ou de ninguém" ou, se assim optar, o contagiante silêncio de quem os quer ler**. Porque o Nosso Clube é secreto, mas os segredos que o alimentam são daqueles que se partilham.

Poetas inatos porque...
"a poderosa peça continua e tu podes contribuir com um verso".

(* nota: na versão original: "a comparecer de corpo e alma no 1º Encontro Oficial do Clube de Leitura/Escrita, a realizar-se na próxima terça-feira, dia 31 de Agosto, por volta das 11h30m, no local onde se encontrar o nariz de palhaço (nota: não é propriamente em cima do nariz onde o nariz vermelho estiver, mas no local onde o Camarada detentor do mesmo se encontrar)."
**
nota 2: na versão original: "ouvir")


Secretamente poesia,
o amigo,