1.
O que eles não sabem é que do outro lado há nuvens e fogo,
ribeiras de dor absorvente trazidas de outro lugar.
Ninguém especificou se era fronteira simples
ou cinquenta quilos de vida.
Mas cantavam e eu digo haver mais.
Se eu fosse muralha saltava para que os homens passassem.
Até que o sino partisse.
Até à ganância-cadáver por asfixia total.
Não quiseram que soubessem.
Grito, não os deixaram saber.
2.
Chove.
O coração continental debruça-se sobre a perversão das nuvens lacrimais.
Nada mais meu,
nada mais interior às coordenadas do vácuo.
É um funil,
cada onda que bate leva consigo um pedaço de vida,
cem anos de terra.
Mesmo que não chovesse.
(Agosto de 2004)
07 August 2007
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3 comments:
Ohhh... que surpresa bonita. :)
*
sabe tão bem te descobrir, Rós...cada verso teu é um presente dsembrulhado!!...também gosto deste teu par:-)
Mesmo que não chovesse, a vossa poesia restaria sempre e os seus salpicos encheriam a nossa alma
do
Verbo encantatório.
Um abraço
Jorge Vicente
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