02 December 2009

Olá Sílvio,
diz olá aos meninos, diz olá aos que cresceram demasiado e aos que só agora começam a crescer, diz olá a todos de quem esqueceste o nome, às palavras desnecessárias do passado, diz olá aos desagradáveis, diz-lhes como é tão fácil ser também desagradável, essa forma de vestir dá-me arrepios na anca seu filho da mãe, diz olá aos morcegos, um dia inteiro em directo na internet, diz olá aos morcegos que estão de pernas para o ar porque não sabem que estão a ser filmados,

diz,

olá, que de alguma maneira estás de volta, sacudidos os fantasmas, longas batalhas de silêncio, um bem-estar demasiado bem-estar para querer escrever, diz olá-verde quando deverias dizer olá-vermelho ao semáforo avariado, diz olá-desculpa ao idoso que dorme na rua e que nunca foste capaz de amparar, diz olá a todos eu voltei a escrever porque penso que assim é que é, diz olá à expressão assim que é e espera que te responda, diz

olá

aos matulões que adormecem na biblioteca a ver paisagens orientais, diz olá a ti mesmo, ao espelho da tua borbulha, ao espelho distorcido da tua nudez, diz olá aos meses de espera vã sem uma única linha para no fim dizeres isto, olá-por-editar, para no fim dizeres olá a todas as coisas bonitas que querias escrever no mundo,

diz olá ao mundo que ainda não quebraste e a tudo o que hás-de escrever.

Sílvio

05 February 2009

Busca Desvairada

Um.
Diferentes!
Vestem a farda que os move,
esfregam as mãos e lá vão eles.
Dois minutos passados,
sentem o cheiro eterno de mais um dia.

Fecham os olhos ao trabalho,
entregam-se à sedenta fome de delírio
que os corrói lentamente.
E, escarnecem deles porque são todos iguais.

Dois.
Aqui as palavras são diferentes,
são poderosas mas passam ao lado.

Todos lutam por momentos de verdade, e,
acreditam que a verdade é estar vivo.
Mas sangram apenas para saberem se é verdade,
ou, simplesmente, para que o mundo os veja.

Não sentem, não compreendem
Porque não sabem quem são,
mas riem de mim porque sou diferente.

16 January 2009

Sentimentos Retardados


Um.
Que queres tu de mim?
Não sei estar sozinha! E os viajantes são silenciosos e pacientes mas nunca dizem ao certo por onde andaram, apenas dizem que todo o seu silêncio é paciente e lá podemos encontrar os maiores sentimentos.
Há coisas que nunca mudam, o teu olhar nunca muda e acho que o futuro faz-te rir, porque será o lugar onde a solidão se fustiga e tudo terá um novo sabor.

Dois.
Quem se lembra do passado?
Alguns com nostalgia, outros lembram sem importância no início mas depois vagueiam no escuro por uma bela recordação.
Os sentimentos são retardados e já não há notas que toquem a saudade.
Mas o passado é tudo aquilo que não conseguimos ser, tudo aquilo que ficou atrás do palco sob o rosto de pano.

Existem sonhos à tua espera!
E como não sabes estar sozinha,
Eu lá estarei. Princesa.